quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ofélia e suas semi-verdades

Lia livros de ponta cabeça. Ensimesmada e arduamente equivocada de tudo. Tinha feito suas escolhas no cabresto, por sorte de sua natureza errante, pouco amistosa. Dada a insuficiências cardíacas não na carne, ou na rede elétrica que faz o músculo pulsar, porém mais dentro naquilo que não tem segredo para quem ama. Ofélia escandalizava de tão serpente, de tão desorganizada. Um dia gritou independência. Chegara a hora de voar sozinha, sem parceiros, sem pecados. Infinitamente apaixonada por si, entro num templo para escrever suas memórias e esqueceu-se que aqueles que escrevem sobre sua vida ao meio desta, padecem da mortalha final antes do tempo. Ofélia sofria. Porque fazia questão de botar apenas suas palavras na boca alheia e um dia percebeu que todos ao redor eram iguaizinhos a ela. Isso doeu. Porém muito menos que acabar de esquecer-se em vida. Ele não ficou muito tempo. Acercou-se de todo amor que tinha e despediu-se. No adeus disse a ela a verdade que a salvou: sou apenas alguém, um homem apenas. Não quero viver em tuas lendas, mas ao teu lado. A cura foi feita para seu dia seguinte. Ofélia virou um segredo. Enclausurou-se no convento perto da Serra e virou eternidade. Sem precisar escrever-se ou demasiar suas desculpas. Passou o resto dos dias agradecendo a presença ínfima dele em sua vida. Era uma mulher apenas. J.M.N.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esta frese é tudo: Não quero viver em tuas lendas, mas ao teu lado.

Anônimo disse...

A lenda é só um escape que usamos para fugir do que nos causa dor. Na verdade fechamos os olhos para não enxergar que não somos amados como queríamos.

Resumindo: Isso é uma forma de omitir que não posso viver sem você.



"gracinha..."