Para meu afilhado Leon Moia Caldeira, nascido hoje, pelas
6:30 da manhã perto das Minas de Carajás e dentro, bem dentro
do meu peito também.
Teu nome é só teu. Todo teu em uma reincidência de letras. Aqui estamos sós e vens em resgate é bom que saibas. Não daquilo que fizemos, pois bebemos os resultados da dor. Não! Vens de hálito puro soprar novas histórias. E me puseram essa certeza de que tens uma destilaria de obras sobre si. Uns remendões de sonetos, alvos epigramas narcísicos, ventos. No que mais cabe em minha boca te chamo hóstia. Corpo coberto do santo ofício de tua mãe que te deu muito justa ao marido dela. Está completa tua casa. Verdade que a confusão dos anos de dará um cachorro a menos. E nunca diga que preferes esse ou aquele livro, ok? Mesmo que seja cinza te revela. Esgarça essas paragens de onde sentimos tanta falta, teu pai e eu. Essa inocência gelada de bairro e rigor de linhas, palmadas e descompressão de sozinhos. Os velhos sábios te trazem a tempo de ver brotar a calma madura da espera entre teus pares, alpendres os mesmos durante anos. Vens chegando a braços que não ofendem. É tão estranho te confessar que sou mais teu do que fui meu um dia. Mas assim é. É porque, pela voz dos pilares, tive o convite e prometo: estarei sempre esperando para jantarmos juntos e descobrir a vida, tão logo deixes de me agregar ao todo de formas, que te darão amor incondicional e significarão ainda durante algum tempo, a totalidade daquilo que tens pra ver. Te espero, então, depois da sede dos teus seis anos, depois da farsa das pré-idades, bem no meio da chuva vermelho sangue do que não se sabe jamais. J.M.N.
Foi essa a música que escutava enquanto te escrevia…