Marita Gonçalves era emprestada para a casa dos Milard. Tinha sua vida presa ao ir e vir da vassoura, dos panos de chão sob os pés rachados pela soda cáustica que tinha de passar em determinadas partes da casa. Foi assim que sua mãe lhe entregou à Dona Georgina Milard: tome, me devolva quando não precisar mais.
Foi para um mundo que não desejava pela insuficiência de amor próprio da mãe, pela deficiência congênita de ser a filha de uma pessoa tão subserviente. Entregue feito um objeto, Marita resolveu guardar a raiva sendo a melhor faxineira do mundo. E tomou de assalto o carinho dos patrões. Cuidou de seus filhos. Viajou com eles.
Muitos anos depois do empréstimo de sua mãe, Marita resolveu sair para ver o mundo através de seus próprios olhos, sem a escolha dos outros. Fazer os roteiros que aprendeu nos livros. Dona Georgina fez de tudo para que ela ficasse. Já atendia pelo posto de governanta da casa. Não teve quem a fizesse ficar.
Depois de um ano por ai, resolveu voltar para a aldeia onde ainda morava a mãe já muito velha e doente.Marita se instalou numa casa próxima à de sua mãe e ia cuidar dela todos os dias até sua morte. Jamais perguntou porque sua mãe havia lhe entregue daquele jeito, porém, perto de morrer, a senhora Gonçalves confessou que era por causa da necessidade daqueles dias e também por não saber muito bem como lidar com a menina.
Marita mandou rezar a mais bonita missa que já houvera na aldeia.
Alguns meses depois de sua mãe ter morrido, voltou à casa dos Milard e disse que estava voltando para casa, pronta para ficar.
De vontade própria, desta vez, fez questão de dizer.
J.M.N.
Foi para um mundo que não desejava pela insuficiência de amor próprio da mãe, pela deficiência congênita de ser a filha de uma pessoa tão subserviente. Entregue feito um objeto, Marita resolveu guardar a raiva sendo a melhor faxineira do mundo. E tomou de assalto o carinho dos patrões. Cuidou de seus filhos. Viajou com eles.
Muitos anos depois do empréstimo de sua mãe, Marita resolveu sair para ver o mundo através de seus próprios olhos, sem a escolha dos outros. Fazer os roteiros que aprendeu nos livros. Dona Georgina fez de tudo para que ela ficasse. Já atendia pelo posto de governanta da casa. Não teve quem a fizesse ficar.
Depois de um ano por ai, resolveu voltar para a aldeia onde ainda morava a mãe já muito velha e doente.Marita se instalou numa casa próxima à de sua mãe e ia cuidar dela todos os dias até sua morte. Jamais perguntou porque sua mãe havia lhe entregue daquele jeito, porém, perto de morrer, a senhora Gonçalves confessou que era por causa da necessidade daqueles dias e também por não saber muito bem como lidar com a menina.
Marita mandou rezar a mais bonita missa que já houvera na aldeia.
Alguns meses depois de sua mãe ter morrido, voltou à casa dos Milard e disse que estava voltando para casa, pronta para ficar.
De vontade própria, desta vez, fez questão de dizer.
J.M.N.
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