segunda-feira, 28 de março de 2011

Meteoros

Havia meteoros caindo sobre a cidade. As explosões rentinhas ao chão. Alguns chamam estrelas cadentes, mas a morte das estrelas é bem longe dos olhos. Não havia barulho, destruição. Era como um choro sideral que encontrava o chão. Lágrimas astrais arrebentando incríveis contra o chão do lugar. Aquelas luzes não traziam presságios, exageros. Do avião sentia o perfume da terra, as estranhezas do olho cumprindo saudades secretas. Todas as outras luzes a mercê dos astros que explodiam. E senti os megatons de força. O impossível da amplidão que entrementes vem em mim no silêncio do medo de dizer ou sequer admitir, que ainda preciso dela para me convencer que existo. Vi a pista de pouso com suas luzes artificiais indicando que a viagem acabara. A ausência nasceria mais uma vez, com sua face de escrava, cuja esperança é ver os outros mantidos, presos ao um destino comum. Ausência de furor, de agudez. Em minha cidade findaram meteoros extraviados que reinaram nos olhos de uns quantos, que formaram a história do cosmo e no fim da pista de pouso, viagem morta, o pequeno sonho que vinha acontecendo em mim, tomou o mesmo rumo dos megatons liberados. Eu finalmente senti o peso de chegar àquele lugar sem a força do pensar que me aterrava, que me fazia reconhecer precisar dela me esperando com o peito em brasa, uma brasa mais celeste que a dos astros derretidos. Chegar nesse lugar sem ela é como não chegar a lugar algum. É como um corpo celeste que cumpriu seu rumo e encontrou o leito frio de um imenso rio, molhando-se e apagando-se para nunca mais. J.M.N.

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