Quando pairavas secreta na saudade eu apenas negava e pronto, estava pronto para outro dia. Quando foi para me acostumar a não te chamar pelo apelido, mas sim pelo nome, achei que a formalidade se encarregaria de te apresentar a mim de outra maneira e que isso, seria o caminho natural para que eu pudesse viver em paz. Quando um dia te vi no trânsito, saindo da tua nova casa, arrumada para o trabalho cantando aquela música que te mostrei anos antes, achei que era apenas um erro na composição austral do dia e que toda a agonia por não ter o mesmo caminho teu, dissiparia como a chuva que espera morta no para-brisa do carro. Mas quando acordei chamando teu nome, certo de que alguma coisa iria me acontecer caso não te ligasse às três da manhã para dizer que não te esqueci, pensei que era tarde demais para existir sozinho e resolvi te convidar para um café, depois um tango, depois aquela viagem a Paris e então a dor aconteceu num outro plano, pois palavras de ontem só são possíveis porque dentro de mim, ainda aconteces diariamente. J.M.N.
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