sábado, 30 de março de 2024

Desesquecer

Já me tive mais do que agora

Que sei o que quero

Que tenho metas de vida

Já fui criança em cima de nuvem

Sem chuva alguma

Agora, pavor de me molhar e pneumonia

Já brinquei que morria em todo amor

E quando o amor me tinha, renascia

Era tal meu desentendimento que eu me mantive intacto por um tempo

Mas veio a gramática e o contra-cheque

E tudo o que eu sorvia, virou limbo

Quando eu resolvi dar certo

Não digo que o poema me abandonou

Mas me deixou comprido e difícil de rimar

Agora de pouco em pouco eu cismo novamente

E se não é sobre amor, falo da revista que ainda insiste em trazer notícia feita de carne e osso

Falo do sol triste das manhãs chuvosas

E, vez por outra, me sacrifico

Morro assim, um tantinho

Só pra não dar certo de novo

Pra fazer poesia e continuar vivo


quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Música por toda a parte

A vida chega em ondas.

São as músicas do novo ano migrando aos tímpanos 

Tambores da renovação.

O abraço coletivo em família, a segurança instantânea e as bênçãos de quem me ama e cuida.

O problema não é a idade, mas a quilometragem, dissera um herói do cinema.

Meu corpo range.

Passou um tanto de coisas debaixo dessa ponte.

Já tive arrependimentos, mas hoje transfiguro em sonhos, é melhor.

E aos que feri e me feriram, uma porção generosa do mesmo amor romântico dos livros da adolescência.

Pode não ser grande coisa, mas é mais do que eu tinha à epoca das batalhas.

Ao ano novo e às entidades que o defendem, apenas um pedido:

- um dia de cada vez para a gente de bem seguir cantando.


Para acompanhar a leitura:



Carta para Lenora

Arrisco dizer que sou teu projeto de vida.

Em sendo assim, querias que eu jamais aludisse à palavra liberdade

E a crueldade de tuas perguntas e mensagens, sempre tão desprovidas de bondade e maquiadas por tua extrema bondade quotidiana.

Isso é para mim, o maior dos mistérios

O que te falta que só encontras nesse desassossego, nas críticas e nos pungentes disparos da palavra rasa e sem vida que me destinas?

Ousei viver?

Ousei ser feliz?

Onde está escrito que teus nervos loucos e pernas mortas devem ser meu fardo?

Te acudi sempre que me foi pedido.

Fui atrás, sempre que me ignoraste.

E rezei cada vez mais vigorosamente, quando achei que te perderia.

Não posso mais.

Deter a vida em nome da tua dor.

Peço a Deus a força santa de um amor desmedido, o qual te entegarei sem fim e sem forma, até o fim dos meus dias. Mas, apenas isso!

Então está feito!

Não posso mais te acompanhar.

Toma, portanto, o meu amor de abismos, minha dedicação, contrariamente, do que inferes do meu silêncio eu tenho a vida, pois se me calo, não é porque estás morta para mim, mas sim, por não conseguir mais te amar aos gritos.