Um dia em que chorar fez parecer mais leve o viver.
O que eu queria de quem eu amo era tão impróprio que ficou naquela esquina, quando eu contei uma verdade que nem eu mesmo estava pronto para ver novamente. O que eu amo de quem eu quero é ainda mais solicito e indulgente que as frases que ele disse sem adjacências, sem saber que meu dentro explodia na falta das coisas mesmas que ele aventava. E eu apenas corri para meu nome, para mais uma vez confirmar quem eu sou, antes que as lembranças devorem tudo quanto sobrou dos meus risos no dia de hoje. Apenas hoje e talvez ainda não definitivamente, percebi que as tais perguntas dela eram um pedido desesperado de respostas que não me cabiam. Como tampouco me cabia admirar minha fortaleza diante da queda dela. Somos tão próximos e vencíveis que lembrar disso agora, exatamente quando ele enumera os motivos mais felizes que me fazem, a mim mesmo, expandir e querer igual. Me fez querer cruzar sua porta e apenas dizer-lhe que eu estava enganado. Que, tanto quanto ela, qualquer bala ou poema pode ferir minha fina membrana, pode extinguir a razão de meus olhos sem, contudo, interromper o que continua a crescer, mesmo quando à estrada, andamos em direções opostas sentindo a mesma brisa quente do verão que nunca foi nosso. J.M.N
Belém, 30 de janeiro de 2010 – 20:36
(ao lado do meu irmão mais próximo)