quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Temas, linhas e outros finais

“Eu já passei por isso, sei bem reconhecer
o que já fiz. A tua dor é apenas o começo.”

F. Milaccari – Àquela que não me teve, 1974

Tua história não é minha. Não fui eu a abrir janelas no temporal. E, no entanto, estive lá comendo as gotas da mesma chuva que encheu teus olhos. Não é tua, minha história. Não foste tu a dispensar as amarras perto do cais. Entretanto estiveste no mesmo adeus, na mesma tarde, perto demais de descobrir fortunas e medos. Nossos tempos pariram tempos como errantes. Consumaram fatos equidistantes como a entrega. Não houve pauta para a estréia, nenhum romance. Apesar disso fomos fundo no que dissemos. O verbo mesmo que firmou os compromissos e pesares. A rosa esquálida que serviu de talismã. As mãos dançando nos emblemas das demoras e todo som do eterno das manhãs. Essas vivências abundantes dos nossos sonhos e mais aquelas que jamais existiriam são o nosso testamento. Inventário numeroso de bens e dores, mais desertos e palavras de amanhã. Nunca deixamos de ser independentes destes entes, os humanos que atendem por nossos nomes. E demos fim, capitulamos sem ciência ou heteronímias, sem averiguar acordos para o enredo. Uma história, uma vida, mil elementos. Coisas estas que jamais serão só minhas. E que te esperam sem apostos ou finais. J.M.N

Um comentário:

Anônimo disse...

maravilhoso o texto...