sábado, 20 de fevereiro de 2010

O resto da vida e mais seis meses

Apagou as luzes. Finalmente o escuro era em outro lugar. Sentiu como uma responsabilidade se esvaindo, contra a vontade da história. Fazendo seu nome significar outra coisa. Fazendo certezas se tornarem meros acasos e à respiração, acontecer incentivada pelas denúncias de que ela ainda não saíra inteiramente de seu corpo. Então escutou a música. E tudo que poderia esperar silenciou. E veio justamente aquilo para o que não se prepara jamais. Ele está tão cansado. Muito mais do que suporta confessar. Ligara para dizer que esperava tanto que fosse ela. Mas ai percebeu que as tais linhas que recebera pelo correio, falavam de esperança. Cuidavam, mesmo na distância do anonimato, de quem as recebia. As linhas eram parte de um ato mútuo de entrega e espera pelo retorno emanado de estrelas em linhas descrito com a fluidez de um surto mental, ou simplesmente, escritos de amor. E foi ai que lhe fez falta a faculdade do vôo, a visão noturna. Seu corpo desistiu muito antes de si. Quando eu acordar, estarei melhor, pensou. E a imagem dela descrevendo as coisas naquelas linhas se desfez e finalmente ele se esqueceu de quem era. E entrou no templo já muito sozinho. Sem nada esperar do que sentia. Será preciso muito tempo para ele nascer novamente. J.M.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Porque apesar do teu não, eu sei que acertei ao te perguntar quem foi..."