quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Num banco qualquer

Neste exato momento sinto tua falta. Um gosto de relógio emperrado na boca. E quase não teve graça os encantos que despertei, que tranqüilos disseram a mim que eu fazia diferença, era querido. Sentado neste banco de praça apenas as horas entendem o que me passa no externo dos olhos. Um ofício de repetir incansavelmente as contagens até que se acabe a razão da história. Neste exato momento uma camurça macia ao tato, mas de intratável gosto, me silencia. Termina de esfriar meu alimento, que por sua vez, finge nutrir um organismo sem espetáculo. E o negro do asfalto contradiz a fome do quintal de ontem com seu colorido, quando tudo era mais simples, como brinquedos perdidos nos cantos lá de trás. Sinto falta dos verões naquele lugar distante, onde aprendi a esperar por ti, mesmo antes de saber quem era. Mesmo antes de entender minhas limitações. E aceitá-las. Hoje, sentado neste banco esquecido de tão antigo, quero apenas que o dia acabe e que me venha aos borbotões tua imagem sacrificada, extirpada em meus esforços de sanidade. Contemplada com tanta fascinação, na mais profunda estação de meu funcionamento humano. J.M.N.

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