quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

“Eu escrevo e me livro de mim e posso então descansar”

Por causa de Clarice Lispector e por causa de outras tantas coisas desse dia.

Mesmo dizendo não, ouvi teus sins mais remotos. Essa é a única vantagem de nascer multiplicável. Em que mortais combates te enredaste, para chegar àquele fim de nosso diálogo? Eu por cá deixei as lanças e os aríetes e corri nu em pelo à frente da batalha, do reencontro. E mesmo que em nostálgica acústica da longeva linha telefônica, os sons líricos da distância construíram plumas e transmutaram meu silêncio em um pedido desesperado de confirmação. Em uma nota altissonante de ventura. Porquanto quis que me dissesses a verdade e foi justo ela que faltou. Aprendi a usar impossíveis – meu maior tesouro de agora. Únicos que somos nos labirintos porque passamos, dois entes vagos a desenhar o escape inglório daqueles beijos, recusamos ver. O medo ainda torna. Aqueles elos anatômicos e invejáveis pelos quais nasceram nosso reconhecido pertencimento e a verdade que ora deixamos de lado fazem moções. Protegem os pequenos costumes que procriamos. Você disse que empenhava sua palavra. E que garantia ter estado em silêncio durante todo o tempo. E digo reconhecido nesse pranto de ainda, que teus sons, então, se desprenderam sem que soubesses, pois estão todos pousados nos alpendres por onde descanso. J.M.N.

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