quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Cartas a ninguém (05.01.2012)

Querido,

É com uma ansiedade cujo único remédio é a tua presença entre nós que esperamos a tua chegada. Sabemos que vens de um lugar distante. De um passado tão antigo quanto o teu nome, até mais que o teu sobrenome. Próximo à idade da tua respiração nos nossos sonos mais profundos. O teu leito está arrumado. Tens um guarda roupa e camisas novas. Decoramos as paredes com animais ferozes naquela hora rara em que dispensam amor e proteção às suas crias. Não queremos que fiques com medo das novas configurações que o anúncio da tua chegada talhou em nossa rotina e nos nossos corações, mas devo te avisar que chegarás distribuindo papéis pra quem estiver em tua órbita, e significados para palavras puídas de tão guardadas. Não estranhes que tu, estrangeiro, batizarás as coisas daqui na tua língua. O nome que deres a elas, será o nome delas. É assim por um tempo, até te tornares um dos nossos enfim.

Mas não tenhas pressa. Vem no ritmo do teu nado solitário, com braçadas nos horários mais impróprios. Senta e descansa quando achares conveniente. Esse é o teu reino, e ele te espera. Vais dividi-lo com uma conterrânea que pula e estala os dedos quando o teu nome é pronunciado. Esperar-te a faz feliz. O nome disso é amor. Aprenderás com o tempo. WDC

Um comentário:

werbertt disse...

O mais sublime do amor são as palavras que não apenas dizem...