quarta-feira, 8 de junho de 2011

O outro sobre o qual foi construída a estrada

Já não gosto daquele personagem. Acho mesmo que nem o próprio se atreve à vida depois do que fez a si, confessando o peso de tanta coisa externa aludida. Essa confissão desfez a fortaleza dele, porquanto descobriu ele próprio ser tão aquém de querido. Tão amável para cão latindo no escuro em casa abandonada. Um ser iludível a expensas da censura atávica, único meio de reconhecido que havia antes do beijo dela, o qual eclodiu vísceras novas e tão menos reticentes.

Pode tentar voltar, mas não vence. Mesmo que o caminho seja de súbito deixado pelos passos. Aquele um não se aplica em amigo ou camareiro para hotel de pernoite sequer. Sujo como uma pilha de emolumentos corrompidos, extorquidos dos incautos por nefandos bandidos. Aquele um não tem memória de gente nunca mais, que isso foi a condição primeira para sua partida livre, sem a perseguição do cremar eliminatório dos ossos inúteis de memórias como ele.

Muito inteiro o que surgiu depois. Adiante da soma invisível de crença e pudor miúdo, uma vez que a força toda que carregava era do sofrimento alheio. Um outro aparecido mais digno e palpável, afeito a cortes e demais amenidades fundamentais à vida em grupo. Este outro que algemado desde muito novo repetia-se confuso e denso em apenas memórias solúveis, apareceu desde aquela manhã.

E agora onde anda o outro, secreta ilha em que desembocou o ataúde de suas mesquinharias. Aquele um estado de estrago completo, cantará evocação de repulsa, uma vez que não serve para nada, nem nunca serviu. O que tomou assento é desenvolto ao ponto de ser bastante amado. Ao outro, nem postais, nem diários. Apenas a solidariedade do esquecimento em si mesmo. Para sempre. J.M.N.

Para ler escutando…

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