Amanhã não estaremos em uma cidade com praia
Não haverá um sol escaldante
O porto, as dunas, toda a areia assentada, foi-se
Amanhã não realizarei o efeito de tê-la incrustrada
Concha dura, mas perfurada, no chão da praia
Não serei um menino, tampouco um velho
Casas, telhados e as estrelas cantando ecos do mundo
não estarão
Amanhã restará essa oca terminada aos beijos
Perfumada de nossas peles nuas e canções aos deuses
Presentes na manhã permanente que se nos veio, amor
em laço, expoente de lagoas, reino dos marechais
Amanhã quando acordar sou mais dela que eu mesmo
espantado por esta constatação riscarei na certidão
Meu nome é o que ela der, aposto o mesmo
Amanhã, quando ela me chamar José serei um outro
Serei além daquele mar, além daquelas conchas,
Das dunas mais além. Serei eu, o ser que é dito
E por isso confirmado nesta existência
A manhã me anda dizendo que serei mais pra futuro
do que passado
J.M.N.
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