Ela o segurava pela mão. Dentro de mim convenci minhas feras a aceitar aquilo como uma normalidade a quem se encontra numa mesma vida. Assim pude respirar. Ela caminhava, como sempre, à frente do homem. Passos além. Ignorando o arfar daquele mortal edifício já conquistado por sua coisa feminina e feroz. O que não vi foi trabalho. Apenas um gorgolejar de batuques amenos dentro dos dois. Ainda remonto seu universo para o meu espelho. E daí? Não observei aquilo que era tão presente em nós, o músculo teso, a arquitetura do esqueleto, pronta para resistir ao inferno, se preciso fosse. Talvez apenas o amor seja possível. Nós não. E nisso, pensando foi que senti ainda mais. A parada cardíaca de nos encontrarmos no mesmo rebordo do mundo. Atirando nossas flamas aos incautos de plantão. Já sabíamos os sorrisos de todos em redor e ainda queríamos mais. E eu queria dizer para não voltar mais para onde fosse. Pedia a meu corpo controle apenas. Vi que não tinha entre seus dedos agarrados aos dele, a corda invisível que se fiava ao sairmos recolhendo o mundo em nossos olhos por ai. Nossas mãos entrelaçadas eram as redes do impossível. Pescamos sonhos onde havia barbárie, ternura depois de coito e batalhas. Uma semente deixada em nossa pele, fincada está, cheira a saudade. Talvez o verbo não seja nada, não seja de ninguém. Minhas palavras averbam sangue e um pastiche de eternidade além de nós. Além de nós não há razão que vença. Chegamos lá e decidimos do jeito mais absurdo de todos, que não deveríamos continuar. J.M.N.
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