Perdão pela fama, pelo ouro de tolo, pela janela aberta ao tempo conjugado em aindas. Perdão pelos fatos mais destrutivos, pelos eclipses solares, pelas raridades de antes, minha garganta presa em teu nome chamando na chuva que viesses a mim. Perdão às plantas destruídas por minha fúria no quintal da tua mãe. Pisoteadas ao tento de saber que passei em ti, que mergulhei mar adentro em teus dias melhores, após nós dois. Perdão por ter nascido cozido, preparado ao banquete antes mesmo de decidir-me, antes mesmo de ofertar-me. Oro estas orações misturadas, a soma de tantas bondades por ai. Peço àqueles santos da despensa lá de baixo que me protejam, pois é chegado o tempo que previste, mausoléu para os medos, peito aberto e velas ao vento. Perdão por levar ófrio dos homens para teu lar, aquela besta que te perseguiu e amedrontou. Olho por olho deixei-a morrer. Sem armas dispostas, apenas abandono e nunca ter sido o que foste para mim. Tudo descansa. Minha intimidade mais amena que canta mantras e sapatos coloridos. Minha rispidez inaudita que te queria dizer adeus, mas sem ferida. Descansa aquele olhar de castigo que me tornava mortal. Antes de tudo, a mim mesmo. J.M.N.
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