quarta-feira, 8 de junho de 2011

Manuscrito de quarta-feira

Te gosto de ver falar Miva. Tão fundo que o chão do mar vem pra cima de quando emites um som qualquer. Meu dentro viceja. É como quando se anda pela calçada displicente e se encontra uma riqueza, uma bola de gude olho de gato, perdida, enxergando mais quase nada de tão arranhada e mesmo assim faz felicidade que destroça nota baixa, ranço com irmão mais velho e outras más verdades. Essas pequenas fortunas que se nos aparecem como sustos, mas ficam. Outrora tão roubado de mim que nem o espelho reconhecia e tinha aqueles vômitos matinais de como se fosse um verme em vez do homem que eu era. Eu morri para os espinhos Miva. Minha hora sagra que é de imensidão divina em todos os nossos beijos. Te aguardo sempre certo de ser feliz de pronto. E quando chegas tanto mais me surpreendo que acabo enorme de amplo, somado muito além do que eu me pensava na espera. Tu me estende, digo. Coloca quilômetro onde antes era milímetro. E Miva, a tristeza é tão desgraçada que nem te olha de frente, essa bandida. Esse é teu brilho. De convocar porta bandeira para teu estandarte de fé em pessoa que me agiganta, que me faz lamber menos o chão, pois tal imenso e levitado e leve que eu me encho de agora, vivo o presente. Eu só queria te contar essas coisas Miva, para que tu soubesses que agora me acordo em letra e desejo, que sou todo íntimo de te ver nua e acordando em montinhos dentro do teu próprio corpo. Te sou tão reservado que caibo justo na tua agenda e isso não me devora como fosse infrutífero caber em horários e esquemas. O que eu tenho, dou. O que eu quero, deixa estar que te conto mais a noite, um pouquinho antes de me rezar para salvar a carne, pois que minha alma já está num paraíso que só vendo. J.M.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eita inspiração moço... Tudo de bom esse texto.
Parabéns, o blog está cada vez mais belo e sua mão cada vez mais firme na literatura.
Amei.

Flávia.