quinta-feira, 2 de junho de 2011

Aparecida

Para Maria Aparecida Brasil Xavier
Com imensa saudade

Aparecida me deu surpresa maior de todas hoje. Concebida do avesso que foi sem dizer adeus. Nenhuma mortalha foi nela que àquela mulher não diriam para ser coberta com o que não quisesse. E este trapo não lhe cairia de todo. Foi mais um repouso, finda a corrida, o esforço. Ninguém haveria de ver o rosto, o apego derradeiro com que se foi a levantar as terras dos altos céus, como se naquele voo de anos antes para as terras que ninguém mais queria visitar ela passasse novamente pela minha lembrança. Ia reclamando de nós todos. Deixávamos o mole de todos os homens ser convencido pela outra. Uma outra sobre quem Aparecida descontava umas palavras que não se repete. Não tinha mal. Não era de coração negro que dizia. Mais como uma bandeira de ser agitada. Rebordo dos tempos de dura luta. Minha amiga se curvou ao terrível maior dentre os terríveis que existem. Mas não foi sem ser fera, sem duro esperneio, porque aquela pessoa que muito me falta nos olhos agora tinha sempre um concreto para dizer. E me deu tanta alvenaria nas minhas cruzadas, que lhe devo muito mais que aquelas preces encardidas de enquanto ela se ia longe de mim. Nenhuma tristeza é maior que essa impedida ânsia de revê-la. Nenhuma outra vida podia ser melhor à minha saudade que esta mesmo que tenho com meus imprecisos, por conta de que foi nela que Aparecida me apareceu. Nunca sumiu de minha conta, quero que ela escute bem onde esteja. Doutra maneira é que me lembro dela. E aquela generosidade sua foi que me mantinha longe de sua porta. Que aquele corpo que eu soube hoje era murchado, bem ferido, não mais lhe pertencia havia tempo. Pertencia àquilo que lhe roubou da gente. Por essa aquela grande bondade que tinha no peito é me lembro dela sorrindo. Como nunca ida. Aparecida aparecerá. Sempre que sempre ela vem. J.M.N.

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