terça-feira, 7 de junho de 2011

Memória pétrea

Ela esteve em tempo de me domar
Arrancar pele e ímpeto e coração
Veio outra e me salvou
Degolando crias e superstições, porém
Ela morreu num dia de outono
Tudo cinza e feminino demais para caber
Nela, cuja fala deslocada morreu antes
Ela esteve em vias de me conquistar
Acabou o vento, barcos voltando
A expedição ao meio, naufragou
E sem cartografia, o continente
Nem chegou ao cheiro da vida
Ela esteve em tempo de me perder
Adoração iludida de mim mesmo
E quando achava que era apenas
Pouco demais para trazê-la à vida
Ela me veio já nascida
Ela me veio socorrer.

J.M.N.

3 comentários:

Anônimo disse...

Poeta, poeta... Lindo isso.

V.

Anônimo disse...

Poeta, poeta...Lindo isso, depois ela é quem precisará de socorro.

Anônimo disse...

"quem me socorre se só corro, se só mato, se só morro?/ quem me resta se só exerço limites e pouco construo?/ quem me socorrerá senão eu própria que de mim padeço?"