Quando minha prima/irmã Clara Matos me convidou para assistir este filme, não imaginava que sairia do cinema em estado de enlevo, arrebatado.
Ari Folman, um cineasta israelense cuja história de vida se enlaça com a do conflito entre Israel e Líbano nos anos 80, nos presenteia com uma história biográfica e documental envolvente e delicadamente transformada em animação 3D. As imagens são vivas e loqüazes, montadas em planos sobrepostos e texturas ora nauseantes, ora delicadas, mas sempre realistas e melancólicas, elevando A valsa com Bashir à categoria de filmes biográficos romanceados, quase como a Sangue Frio de Truman Capote, como romance de não-ficção.
O núcleo da história são os massacres de Sabra e Shatila em 1982, dos quais o cineasta e roteirista Folman, foi testemunha ocular, servindo como soldado no exército israelense aos 19 anos. A partir de uma conversa com um amigo desta época, Folman passa a revisitar a memória e buscar com outros colegas de exército, a complementação para as imagens e fatos vividos que lhe atormentam a mais de 25 anos. O resultado disso é delicadeza e força narrativa, engajamento político e social, transcritos em imagens fabulosamente desenhadas e movimentadas à perfeição. A seqüência inicial dos vinte e seis cães correndo para matar o amigo de Folman - em sonho - é sensacional.
Ao retomar o contato com pessoas e memórias da época dos massacres, o narrador chega a concluir que o exército israelita teve participação direta nos massacres e transfigura esse horror em sequências que, definitivamente, devem entrar para a história da animação de longa metragem em 3D, mostrando ainda que as defesas erigidas por sua mente protegeram-no das reminiscências dolorosas, mas agora precisam ser superadas e sublimadas. O caminho que Folman tomou para fazê-lo, mostra, antes de tudo, que arte e psique têm uma ligação que em muito transcende o usual e o utilitário, tornando-se muitas vezes complemento para o devir da sanidade.
Aclamado pela crítica e pelo público, A valsa com Bashir ganhou o globo de ouro e a história contada por Folman ganhou um enquadre sublime, elucidativo e poético, tenebroso e admoestador, desses que só podem mesmo resultar da fabulosa interação entre sofrimento e criatividade.J.M.N
3 comentários:
Ola Jose,
Parabens com suas escritas... As encontrei no intenet e gosto muito ler-as. O autor dentro de voce ja existia sempre, estou feliz que por este meio voce pode expressar o seu talento.
Espero que continuas a escrever, e espero que estas bem.
Um beijo de longe,
MdL
Cara Margreet,
Fico feliz de ter notícias suas. Tenho tentado escrever para seu e-mail mas parece estar desatualizado.
mande seu novo endereço, ok,
Um beijo,
J.Mattos
Caro Jose,
O endereco que uso regularmente e: ezooledteergram at hotmail.com.
Para evitar spam, coloquei meu nome ao contrario.
Espero receber o seu e-mail.
Um beijo,
Margreet
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