quinta-feira, 18 de junho de 2009

Um segundo, como nunca mais

Ele pensou que as coisas já se passavam e que, de alguma forma, suas esperanças deveriam encontrar um abrigo. Dormiu e acordou como fazem os loucos. Bebeu a água de sua saliva. Transformou-se em mundos. Um perdido. Aflito que estava pela descoberta de algo novo. Queria contar a ela. Queria invadir seu apartamento de pantufas e cuecas de seda, pedindo-lhe simplesmente para ficar. Como não poderia mover-se daquele cansaço antigo, virou para o lado e cantarolou Tomara, do Vinicius. Torceu para que a manhã lhe trouxesse boas novas e descansou finalmente da sensação de estar sozinho. Mesmo que ela não o pudesse ouvir, foi o mais sonoro dos “boa noites”. Desfez-se a impressão de abandono e a noite se ergueu como um guia. Atrás dela, um sem fim de estranhos finais felizes, como filmes inacabados e ganhadores de prêmios, esperando para serem estrelados por eles. O sorriso já nasceu sem consciência. Sonhos, afinal, não levam mais que um segundo para trazer alegria.J.M.N

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