Já não dou título para as coisas que me afligem as saudades. Antes me empenhava em descobrir simbologias, enfeitar com poesia e sofismas de abandono e dor, os meus insuspeitos suspiros. Abro a janela e o ar de depois da chuva faz sua mágica, convertendo as tramas de ausência em coisas cheiráveis, bebíveis, mastigáveis até. Choro até o ponto de ter matéria para misturar com esse ar de chuva e pronto: um novo gole acaba com o susto. Antes de eu ter essa facilidade da chuva, tinha o péssimo hábito de guardar os nomes, os tickets de teatro, de imolar os corpos santos sem regras ou religiosidade. Antes de dizer estas coisas eu era apenas aquele que sentia. Posso não dar títulos a coisa qualquer, mas ganho peso por esses quitutes de saudade e dor.J.M.N
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