domingo, 7 de junho de 2009

Marrocos, em agosto

Ouvi dizer que lá tem coisas fantásticas. Existem feiras ao ar livre e todo o tipo de coisas espalhadas pelo chão, para vender. Um dia vamos lá. Vamos descer até a Espanha e atravessar o estreito, com as mochilas mais vermelhas que encontrarmos. Em Rabat, pintaremos os rostos como vasos antigos e dançaremos adormecidos pelas ruas da cidade. Marrakesh não tarda. O farol será nossa lua. Teu beijo é mais demorado que de costume. Posso dormir aqui? Te perdi. Nos perdemos. Sob os meridianos atentos, a Terra se reencontra em nós. Estamos completos, cosidos como um tecido caro de textura fluida. Fomos por fora do mapa, através de Casablanca. Repousamos diante do mar e estamos queimados. Nossos corpos incomuns à beira da praia, derramados como líquidos que se misturam. Depois o sul, através de Settat. Chegamos ao fim. Rumo à casa que já não será a mesma. Nem sequer os olhos, ou os braços e os corações. Tudo ficou para trás. Como andarilhos desatentos, demos nossos passos para longe dos caminhos conhecidos – desconexos.

- Te mando uma carta no fim do ano.
- Vamos nos encontrar em Bordeaux e depois vamos a Lille, certo?
- Guardo para sempre o teu abraço.
- E eu a tua presença.
- Até mais. O fim do ano já chega.
- E a saudade?
- Repartimos. Espero que isso nos ajude a voltar.J.M.N

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