Azul celeste ou encarnado, vermelho puro. Foi assim que criamos nossos gostos, um pelo outro, em contraste com a frágil presença do rosa em suas bochechas.
Fingíamos encontros ao mesmo tempo, depois soubemos.
Treinávamos as falas corriqueiras dos muitos anos do matrimônio esperado em frente às nossas cabeceiras, como artistas num palco iluminado.
O muro alto da casa dela era sempre um desafio, mas escapulíamos por entre as frestas da cerca velha e fazíamos nossos arco-íris no quintal do Venâncio.
Naquela época eu tinha uma barba rala e muito ímpeto e ela cultivava seus peitinhos nos vestidos leves e sem amparo.
Depois do verde das tardes entrelaçadas de mãos veio o intenso rubro dos beijos roubados e dos entregues também.
Nunca irei esquecer a dor de dormir sem escutá-la.
Lá naquela imensidão investida que foi nossa história, resta dormente, mas ainda viva a tez de aquarela dos nossos quereres.
Deixou a cidade uma semana depois.
Naquela tarde em que ela partiu, meu olho alegre decaiu muitíssimo e minha sombra encolheu antes de mim.
Cheguei atrasado para o embarque. Ela também. Vi apenas seu braço erguido, num arco longo e triste de adeus. Ficando cada vez mais longe com seus olhos açudes. Sua despedida fazendo ventos diminutos e doloridos, cinzas, como as tardes chuvosas de fevereiro.J.M.N
domingo, 7 de junho de 2009
Amor em cores
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