segunda-feira, 1 de junho de 2009

Diário da tua ausência III

01.06.09

Ligaram de lá. Não deixaram muitas esperanças, mas, afinal, quase sem esperanças foi que vivi estes anos todos. O importante é que ligaram, dirias. Sinto falta desta tua força a me dizer que tudo vai dar certo e que um dia... Hoje o dia passou definitivamente sem razão. Louça suja me divertiu. Que azar ter encontrado a vizinha da briga de sexta bem na porta do prédio. Mais uma série de impropérios, baixaria ao ar livre numa segunda de manhã. Meu café da manhã só não voltou porque tomei as devidas precauções. O fato é que tenho algumas dúvidas sobre o sereno, dormir de bruços, arcordar no meio da noite e pisar descalço no chão frio. Muitas outras coisas me assaltam agora e o frio da geladeira indica toda a temperatura dos meus sonhos mais pungentes. Queria acordar disso tudo, mas hoje cortei o dedo com a faca de pão e o sangue me deu indícios de que desta vez não estou no campo do sono, não durmo ou estou sonhando. O incômodo desta constatação gera uma tensão absurda. O telefone faz parte da conspiração, calado me lembra que guarda a chave do meu destino e mais, grita malcriado a minha falta de coragem. Desisto. Lavei louça por diversão. Escrevi três linhas do relatório para o pagamento e me atirei de volta na cama. Um esforço estupendo este de existir. Sinto falta da tua força. De quando dizias que tudo daria certo e dava.J.M.N.

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