terça-feira, 31 de maio de 2011

Nenhum pássaro por hoje

Hoje ninguém parte. Ninguém se solta.
Não há recomeços. Uma seca dentro da boca,
cuja palavra não respira nada, hoje apenas.
Quem saberá?
Nenhum pássaro por hoje. Apenas o céu imóvel,
desassossegado, sem o leve das asas batendo
Hoje não há fronteiras livres. Todos presos,
esperando as verdes paragens da esperança.
Quem ficará?
Hoje ninguém encontrará respostas. Oco grande,
imenso dentro a se fazer saudade.
Hoje fica o retorcer dos deuses, suas promessas.
Quem haverá de contestá-los?
Não é bem um abandono ou uma distância infinita,
sua ausência é crescer para dentro, alimentar-se.
Quem sabe de quê?
Quem quer saber?

J.M.N.

Para ler ecutando…

2 comentários:

Isoldinha disse...

A ausência crescendo para dentro me dá sensação de que vou sumir com um buraco negro dentro de mim.Texto e música belíssimos, apesar da sensação de vazio assombrosamente crescendo. Mas são também sensações como estas que me fazem querer ir além, mudar,gritar,extravasar...

Isoldinha disse...

O que me fez lembrar agora de Mário Quintana:"Sonhar é acordar-se para dentro"
Sou mais das saudades do que das ausências. E às vezes sinto saudades dos sonhos que tinha há 10 anos.