quarta-feira, 18 de maio de 2011

Recuerdo

Agravado esse meu estado, misto de desolação e convencimento. Por trás dessa inconsistência a tua presença a me pedir desculpas por: 1. Ter sido grossa; 2. Ter pensado no que disseste mais de uma vez; e 3. Bem, não ouvi nada a respeito do fato de teres mudado meus dias para sempre.

Tudo não devia passar do que foi, um tropeço em nossas inconsistências. Teríamos ido a Teerã e comprado cartões postais dúbios com mensagens de fé e ódio como fazem as pessoas que se confrontam mais do que existem entre si. Uma dúvida apenas: o que quiseste dizer com o beijo?

Aquele contato descabido depois do perdão. Reconheci ter sido a única resposta possível e depois te doei um sorriso falso querendo mesmo dizer que esperava sentires dores horríveis pelo que fizeste, nada mais além disso. Humílimo desejo depois de uma pedrada, acredito.

Não conheço o corte do teu rosto. Não critiquei tuas músicas ou as dentadas extras no meu sanduiche. Não tive tempo de encher balões para as bodas de algodão e convidar as pessoas que nos odiavam apenas para lhes esfregar na cara nossa felicidade e, no entanto, ainda tenho duas horas de sentido e frases emprestadas para te contar.

Todas acontecidas enquanto, por um único segundo, beijavas o meu rosto exatamente às três da tarde de um dia cinzento e odioso. J.M.N

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