Hoje ninguém parte. Ninguém se solta.
Não há recomeços. Uma seca dentro da boca,
cuja palavra não respira nada, hoje apenas.
Quem saberá?
Nenhum pássaro por hoje. Apenas o céu imóvel,
desassossegado, sem o leve das asas batendo
Hoje não há fronteiras livres. Todos presos,
esperando as verdes paragens da esperança.
Quem ficará?
Hoje ninguém encontrará respostas. Oco grande,
imenso dentro a se fazer saudade.
Hoje fica o retorcer dos deuses, suas promessas.
Quem haverá de contestá-los?
Não é bem um abandono ou uma distância infinita,
sua ausência é crescer para dentro, alimentar-se.
Quem sabe de quê?
Quem quer saber?
J.M.N.
2 comentários:
A ausência crescendo para dentro me dá sensação de que vou sumir com um buraco negro dentro de mim.Texto e música belíssimos, apesar da sensação de vazio assombrosamente crescendo. Mas são também sensações como estas que me fazem querer ir além, mudar,gritar,extravasar...
O que me fez lembrar agora de Mário Quintana:"Sonhar é acordar-se para dentro"
Sou mais das saudades do que das ausências. E às vezes sinto saudades dos sonhos que tinha há 10 anos.
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