quinta-feira, 26 de maio de 2011

Íntima visão da aurora

Ela chega e pega meu dia pelo pé. Tem vulgo de antemão dos tempos, essa pessoa. Chama-se a si mesma de outra, antes mesmo de tudo procria os sons dos peixes revolvendo o leito do rio. E esse que corre em mim já tem vestígios do seu leito mexido. Por ela.

É quando abandono os quilates da fala que ela me vem. Pernoita, tem dias, no meu silêncio descansado de mim. E nesse momento em que nada mais me padece ou fere ou furta, ela acontece. Reticente e talvez indevida, pois jamais perguntei seu gosto por sonhos e outras deixas que vem dela a mim enquanto chamo seu nome.

Um dia componho uma quadra para ela. Quiçá uma redondilha infinita para ela jamais esquecer que fez canto em mim. Mas nisso não tem maldição, coito, urdidura. Manhã rasteira em pedra de caminho, apenas.

Como a suavidade celeste de um sol inteiro a deitar na plenitude de uma pedra que espera as eras para contar segredos aos que chegam depois de tudo. J.M.N.

4 comentários:

Anônimo disse...

"Não há arauto mais perfeito da alegria do que o silêncio. Eu sentir-me-ia muito pouco feliz se me fosse possível dizer a que ponto o sou."
William Shakespeare

Anônimo disse...

Silencioso penso: "escrevi as linhas para a pessoa certa"

Anônimo disse...

Simplesmente magnífico esse texto!

Mia

Anônimo disse...

Nossa, esse texto é belo mesmo... Quanta inspiração.