Quem me dirá água, agora que você se foi?
Morrerão pelo calor meus apegos, minha capacidade de amar
Não precisará de combustão a pólvora, nem de ignição o medo
Nascerão siameses, como efeito do que não ficou
Quem assoprará minhas cálidas feridas, agora que te soltaste?
E de qual felicidade, nascerá o riso infinito que me furtou ao mundo?
Não sobrará um escombro. Nenhum osso, para os ossuários – nada
E neste assento novo, a vida, mais penosa e dividida do que nunca
Quem, por fim, cobrará que eu siga amando, senão tu?
Acordará mil armadilhas para que eu me pegue a mim mesmo, inconstante?
Descerá correndo do voo para sepultar meus vilões?
Transformará minha letargia em fúria de acordar os carrilhões?
Quem ademais, terá o peso de nada ter e de ser tudo
quanto posso sentir, ousar e crer?
Quem terá coragem de dizer meu nome e nisso apenas
me entender para sempre como tu fizeste?
J.M.N.
Para ler escutando…
Um comentário:
Leonard Cohen é muito bom...
Ótimo texto.
Bruno
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