Ela é muito morta agora. Tem tempo passado em seus ossos, é o que eu acho. Mas deixou essa velhíssima sondagem em minh’alma, essa pergunta degolada quase. Uma finura que incomoda quando falo, que de dez palavras solto o nome dela no rosto da conversa e as pessoas não sabem de porque eu ando ainda a falar nisso. Mas esse “nisso” é pra mim parte de tudo quanto falo e quando brigo comigo, diante do espelho, peço que ela volte. Mas tô tão velho que é apenas uma mania que se acostumou a sair desembestada quando eu estou só. Eu que agora só resido em casca nesse corpo, que o muito da vida e da força de perseguir garrote já me deixou, fico fuxicando essas besteiras de vez por outra. Uma saudade enjoenta e demais do que eu posso pedir para calar. Não tenho vez nem com meu respeito de comprometido. Quando durmo, em vez de virar pedra, passarinho e essas coisas que plangem livres entre nós todos, eu viro ela, pares’que. E quando acordo, fico tão chato de ter gasto a noite com sendo ela que eu desisto. E tem uns tempos que ando assim, desistido. Não sei até quando duro. Quem sabe até de ela me puxar para dormir do seu lado. Acho que viro osso antes é mesmo de morrer, de tanto ficar sem vida por causa dela. J.M.N.
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