Um fotógrafo:
João Caetano
A cada foto João faz o mesmo voto que Manoel de Barros faz a cada verso, o de enamorar-se repetidamente pelo chão, pelo tronco, pelo rio e pelos pássaros. Quando lhe perguntam qual o melhor equipamento, ele responde que é o olhar. Mas o olhar que se demora e se perde, não esse que busca afoito explicar, assim como quem precisa compreender para se salvar. Ele não tem curso de fotógrafo - talvez pra não colocar aparelhos ortopédicos no olho - mas ganha prêmios, muitos prêmios, todos internacionais, como artista plástico.
O que então a máquina de João Caetano vê que escapa a todas as outras. É a natureza que se insinua pra ele num chamamento ora erótico, ora ameaçador, mas sempre num tom de urgência, com uma voz de quem pede socorro. Ela, a natureza, com troncos desenha-se cobra, lagarto, ariranha; usa o vento pra talhar um velho dormindo na face de uma rocha minúscula; lentamente lapida a resina na forma de um pardal delicadíssimo; os troncos cortados vigiam os nossos mais infames pecados.
Ele tem um projeto onde registra toda a sua conversa de imagens com o cerrado. É o Projeto Alerta ( http://www.projetoalerta.com ). Percam-se nas imagens. WDC
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