Para todas as pessoas que dão razão
ao dia 18 de maio, dia nacional da luta antimanicomial.
Ele pensava de entremeio sol e suicídio. Estava cansado de resistir ao gorjeio dos príncipes que vinham à sua janela pela manhã, pardais e tritões que não tinham, mas declarava.
Ele demoliu a cidade de ouro que era a família, porque nos dentes tinha não raiva, mas riso. Nas brigas ficava ao lado de divertir-se e dizia bilhas de comichão noturno sobre os quais seus pais e irmãos tinham segredos. Não eram felizes sem a peleja. Ele sim.
Ele tinha, guardado desde os doze anos, um prego saído das paredes da jaula. Onde estivera. Onde aprendeu adentrar-se no si mesmo dos outros e festejar-se, festejando-os. Aludindo impossíveis gostares era que enfeitiçava a descrença dos outros em poder mais do que viam, ouviam, sentiam.
Ele tinha beijos dentro dos quais amealhava amores. Tão mais densos e apalavrados que os meus. Por sobre os quais pousava a ira de quem não conseguia viver-se, senão a imolar cordeiros e culpar entidades.
Ele que sabia dos ventos pelados que nauseavam as senhoras, mas confortavam tanto minha solidão, me deu âncora, coragem e uma certa preocupação. Mas tão pequena que sou livre dela me matar de tédio ou demais certeza. J.M.N.
2 comentários:
Não há como não dizer obrigado ao texto que faz referências a paixões tão intensas e caras a mim. O simples pronunciar dessa data já me cava sulcos no coração, e vão dar lá onde os amores não têm pudores ou fronteiras. Irmãozinho, festejemos juntos a liberdade se conquistada, e o aprisionamento se por opção.WDC
Sempre estarei aqui para festejar, meu irmão. Melhor que ninguém sabes destes labirintos. Melhor que ninguém sabes que nunca desisto de entrar neles...JMN
Postar um comentário