à moda de Adélia Prado
Gravura: Mulata Grande III - Carybé
O que gasto do meu corpo
reponho com gosto de escuro,
um ombro moço a cuidar de mim.
Exceto quando fui santa, fui feliz.
E ainda tenho dívidas milionárias
com teu braço de força evidente
e ternura rupestre.
Ai tuas riquezas indecifráveis,
elementos arqueológicos de minha esperança
para com os dias sem fim.
O que descanso no abraço de minha filha
é esse calabouço terno
que me incrusta
que me finca num árido terreno,
tratado sem húmus
e calcário demais.
Onde escondo minha renúncia
a encontras,
onde despejo a podridão dos anos
e a poeira deixada
pela colisão de nossas galáxias
é que te libertas
e cantas, abominável,
as cantilenas errantes que me consomem
a quietude das tardes.
J.M.N
5 comentários:
Olá,
Queria dizer que este foi um dos melhores poemas escritos em "feminino" que já li. Estou cada vez mais fã dos teus escritos.
Abraço,
Flávia
Adorei o poema.
Está muito bonito.
Existe um grupo novo cá em Portugal que penso que vais gostar, caso ainda não conheças,
os Deolinda.
beijos
ana sofia
Cara Sofia,
Que bom que estás por aqui. Vou já procurar os Deolinda.
Beijo grande e volte sempre.
J.Mattos
Flávia,
Valeu pelo comentário.
Abraço,
J.Mattos
www.deolinda.com.pt/
Cá está!
Entre o fado e a musica popular, um grupo divinal
beijos
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