sábado, 8 de agosto de 2009

Confissão

Fugi com teu ouro e tuas contas gregas. Roubei tua prosa, teus vasos e o alheamento que te impedia de conhecer o mundo.
Deixo-te para trás e para sempre.
Nossas cobertas já estavam frias de qualquer modo.
Se ainda aceitares meus conselhos, te despede das incertezas.
A verdade é que a vida se resume na dureza do meio-dia suado que nunca conheceste. O mau cheiro do quotidiano agora vai te perseguir.
Te amei até aquele dia no restaurante, depois de lá, nunca mais.
Rostos amigos se confundem, não esqueça.
Nada no abandono incomoda mais do que lembrar.
De noite ainda sinto tua respiração alcançando minhas lembranças mais remotas, meus sonhos mais íntimos e aquecendo aquele frio constitutivo que me persegue desde sempre. Rezo para que isso não cesse nunca, apesar da distância e do mau jeito.
Além da tristeza, te deixo um amor considerável.
As explicações?
Não! Essas eu trouxe também. J.M.N

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