quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Perdida

à moda de Adélia Prado

 
              Gravura: Mulata Grande III - Carybé

O que gasto do meu corpo
reponho com gosto de escuro,
um ombro moço a cuidar de mim.
Exceto quando fui santa, fui feliz. 
E ainda tenho dívidas milionárias
com teu braço de força evidente
e ternura rupestre.
Ai tuas riquezas indecifráveis,
elementos arqueológicos de minha esperança
para com os dias sem fim.
O que descanso no abraço de minha filha
é esse calabouço terno
que me incrusta
que me finca num árido terreno,
tratado sem húmus
e calcário demais.
Onde escondo minha renúncia
a encontras,
onde despejo a podridão dos anos
e a poeira deixada
pela colisão de nossas galáxias
é que te libertas
e cantas, abominável,
as cantilenas errantes que me consomem
a quietude das tardes.

J.M.N

5 comentários:

Anônimo disse...

Olá,

Queria dizer que este foi um dos melhores poemas escritos em "feminino" que já li. Estou cada vez mais fã dos teus escritos.

Abraço,

Flávia

ana sofia disse...

Adorei o poema.
Está muito bonito.
Existe um grupo novo cá em Portugal que penso que vais gostar, caso ainda não conheças,
os Deolinda.

beijos

ana sofia

José Mattos disse...

Cara Sofia,

Que bom que estás por aqui. Vou já procurar os Deolinda.

Beijo grande e volte sempre.

J.Mattos

José Mattos disse...

Flávia,

Valeu pelo comentário.

Abraço,

J.Mattos

ana sofia disse...

www.deolinda.com.pt/


Cá está!
Entre o fado e a musica popular, um grupo divinal

beijos