Sobre a música Aspettami - Pink Martini
Era comum dizermos que estávamos errados. Era comum que tudo derivasse em brigas e vozes alteradas. Apesar disso, sob tantos aspectos, aquilo que nos uniu conformava uma profecia. Uma espécie de achado de espera e achaques, de possíveis e impossíveis. Contrários dispostos à convivência e à euforia da entrega, onde cada um, saído de tempos indescritíveis, encontrou matéria de cuidado e sono abundante. Era comum esperarmos um pelo outro e enquanto esperávamos, encontrávamos razões para confessar que estávamos perdidos, à deriva no mar de coisas não ditas, esperando serem vividas à exaustão. E pedíamos para sonharmos a caminho um do outro e às vezes em que nos perdíamos, deixávamos no lugar dos beijos a promessa de voltar com os corações mais feridos e disformes e despejar nas mãos de quem estivesse a esperar – eu ou você – a fortuna de voltar dizendo que era o único caminho possível. Você sente minha falta como eu sinto a sua? Era como começávamos nosso reencontro e a partir daí vinha o pedido de estar mais perto, mais íntimos que antes, mais entregues do que a possibilidade de uma vida. Houve um tempo em que eu me sentia seguro em seus braços e víamos, comumente, estrelas caindo como diamantes desprendidos do manto da noite. E como não houvesse outra possibilidade, voltávamos para casa, nossa casa, quer fosse um abraço, quer fosse uma oca em aldeia distante. Voltávamos e sabíamos que em breve partiríamos novamente, por conta das coisas desafortunadas que dizíamos em meio à felicidade e como uma mitologia ou uma cartografia cantada, dizíamos que o retorno era certo e que nossos corações e corpos estariam mais tristes que nunca, porém aquilo que estava reservado a nós, era apenas nosso, não importava a distância do reencontro. Ainda acredito nisso. J.M.N
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Um comentário:
Cada dia mais forte. Cada dia mais instigante. O blog é sensacional.
Muir
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