sábado, 28 de novembro de 2009

Teu cheiro

Vens de longe a recender. É um cheiro indecente que me constrange, aguça. Nem doce, nem amargo. Solúvel apenas para quem nunca esteve na tua pele. Teu pacto é com minhas entranhas e por isso me transcende, contamina. É como alguém que foge e não domina o interior ante a liberdade. Ganha densidade à medida que se expande, enriquece. Mostra-se no rubor da face. Momento em que identificas tua conquista. Água que sacia a toda sede. Apelo de diatomáceas à superfície. Íntimo que se entrega sem pudor. No teu cheiro cancerígeno é que auditas meu empenho, contas minhas recaídas. E deixas pistas algo claras do que desejas. Teu cheiro tem a própria vida. Resguarda a minha coisa de sentir vertigens. Conta histórias de entrega, auspício e pertencimento. J.M.N

Um comentário:

Anônimo disse...

Este teu texto me lembrou a música de Claus e Vanessa "Teu Cheiro".

Provocante,diga-se.

"O teu aroma está no ar, em qualquer lugar que eu vou
Teu jeito, teu cheiro, teu sorriso, teu calor conquistou
Não dá para negar, prefiro me entregar"

Bjs.