quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Átrio

De novo aberto, o peito vai
acobertando as efemérides do amor
descuidado, debulhado feito livro, usado
mais que tudo, em seu louvor

A madrugada se fecha e o sangue
arvora-se a irrigar meus quintais
um pouco sujo o poema nasce, equidistante
e a luz contrai como um surto especular

Ouço meu verbo malicioso e incandescente
aceso nas entrelinhas do teu busto
meu olho escapa como um louco, um teu sorriso
a instalar-se vivo no cobre da tarde morta

Ai que me invada o peso tanto desta incerteza
e que aconteça de eu morrer, tempos atrás
benquisto, vulgo, arqui-inimigo, despossuído
em teus braços, vagamente, a me entregar.

J.M.N. Belém, 08 de junho de 2008.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bonito esse texto. Diferente dos outros. Acho que poderias postar mais alguns nesse formato.

Gostei muito.

Ju