domingo, 2 de agosto de 2009

A reinvenção do mundo (ou "o dia que eu espero acontecer")

Caminhavas em minha direção. Resoluta, irrestrita. Sem a calma peculiar de tua pouca estridência. Vinhas em ritmo próprio, armada com roupas de primavera, destronando as violetas e as acácias com teus passos perfumados e olhos de cores muitas. Chegaste em mim antes de tudo, deflorando os sentidos como as feras que cacei um dia. Eu não queria te abater. Ao contrário. Tive medo de tua certeza, relutei em erguer minha lança. De onde vinhas não sabia. E teu paradeiro desconhecido me deu a impressão de que vinhas de todos os lugares e que contavas as histórias do mundo inteiro com tua presença irradiada. E senti a existência das eras partindo da tua respiração assustadora como o ressoar de uma locomotiva a toda velocidade que já vem, que já vem, já vem para nos levar. E finalmente em mim chegaste. Ou melhor: me atingiste. E no impacto te colocaste dentro, mais fundo que minha bilis. Mais necessária que proteínas. Nossos genes se confundiram e por um momento eu era tu e assim nos pertencíamos. E senti o suor em meu rosto e o coração batendo como em mil vidas. Era simplesmente o reencontro acontecendo. Único, excludente de outras importâncias. Uma nova resistência às coisas que nos derrotaram. Ai as primeiras guerras! Uma energia que talvez fosse impossível naqueles primeiros dias, porque sem nos sabermos avesso e direito da mesma utopia, costumávamos chamar de par, aquilo de deveria residir no mesmo ponto do espaço. A reunião indivisível de diferenças compelmentares. A matéria restituída do mais inflamado e desesperado beijo de amor. Que assim seja. J.M.N

4 comentários:

Ana Clara disse...

Lindo!
Saudade de ti...
Um beijo, meu irmão!

José Mattos disse...

Também to com saudade prima.
Vamos ao cine esta semana?.

Beijo.

Anônimo disse...

queria saber escrever assim. poderia quem sabe tirar o peso das coisas recentes e desmontar essa tristeza que me consome.

adoro o blog.

Beijos,

Ana Lu

Anônimo disse...

Pedir, sentir, estar, fazer, atrever... Tantos verbos que foram inventados a esmo. E no fim de tudo, essa obrigação com as coisas mal terminadas ou tão desejadas que impossíveis...

Bjs.