Entre o teu pedido e o meu sim em um instante passaram-se imagens de coleções de borboletas amarelas, namoros de porta e vestidos feitos no ciclo da borracha – que sei que gostas e que ficarias linda dentro de um daqueles. Como sei? Ora, naquela manhã vinha insistente no meu juízo uma música do Renato e, quando entrastes na sala, eu só consegui ouvir Chopin. Da suavidade da tua voz saíram histórias de guerras sem armistícios, de lágrimas diárias, mas também da esperança daqueles de quem cuidavas com zelo. Senti vontade de ser um deles.
Passei a marcar no calendário as datas de nossos encontros sazonais. Esperava-os como se espera a primavera. Entre um e outro, ligávamos. Ouvi o teu susto com as veleidades humanas e a preocupação com o tronco mais caro de tua árvore genealógica. Eu tentava te abraçar por telefone, te proteger e cuidar como se cuida daquelas raridades que nos fazem bem só de sabermos que ainda existem.
Visitei teu sonho uma vez. Nele fugíamos à busca de uma seiva muito antiga, do princípio das coisas e dos lilases de flores. Eternizei tudo em fotos que duraram o tempo do teu sono. Amanheci contigo e viajei em seguida, antes que esses encontros, reais ou oníricos, se somassem aos meus vícios. Recolhi-me. Precisava imaginar o dia em que te enlaçaría num abraço sem começo ou fim; em que me levarias aos teus segredos mais inconfessáveis; em que seria testemunha do teu esforço noturno em arrastar a cama pra junto da janela mais próxima da lua cheia de junho, pra assim certificar-se que pelo menos ela, a lua, continua a mesma.
3 comentários:
Lindo! Muito mesmo!
=****
Ps: Cuidado... estás ficando compulsivo! heheheehhe
Tem dias que queria tannnnnnto alguem pra embalar meu sono e sonhos...
Salve, salve rapaziada.
Muito bom o blog de vocês. Continuem sempre. Assim que tiver mais tempo vou me cadastrar como seguidor.
Um abraço,
Afonso.
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