Preciso saber se voltarás. Se dentro em breve pensarás bastante sobre o telefonema que te dei e em seguida uma coisa inédita acontecerá e poderás voltar a bater em minha porta trazendo o café e o pão da padaria preferida de teu pai.
Preciso saber se podes escutar uma história estranha sobre meus cabelos caindo de saudade, um pôr-do-sol cobalto que me encheu de medo e desesperança ou quem sabe a minha vontade recente de comparar um animal de estimação.
Preciso saber se lambaris te atraem ainda, a resposta para a pergunta que te fiz. Preciso saber se tuas roupas continuam do mesmo tamanho para inventar trajes incríveis para nossas viagens aos confins de nós dois.
Preciso saber se ainda posso sustentar esse romantismo aturdido, enervado, cuja razão de abster-se de outras vidas é esta espera insidiosa e malina, que rompe as rezas e os sais de proteção que minha avó ensinou.
Preciso saber se estás disposta a me conhecer novamente. Apenas uma pessoa que estragou tudo, que aprendeu a fazer café com pelotas de leite apenas para te agradar. Preciso que confirmes se ainda está na minha vida, entre atos de esconder e o medo de ser novamente ferida. Uma pessoa apenas.
Inconstante elemento corpóreo que ainda sente o cheiro da tua presença onde quer que esteja e resiste aos arroubos de te sequestrar, apenas por ainda não ter conseguido a planta baixa do prédio de apartamentos onde moras. J.M.N.
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