quarta-feira, 30 de junho de 2010

De finais e outras memórias duradouras

“Quanto mais feliz, mais breve é o tempo.”
Plínio

É rebanho solto, devorando pasto verdinho, verdinho. Mas aqui é como fosse uma dorzinha que tem corrida de caracóis, e demora a passar, porque vem desde antes de meu tempo. É uma dor com compromisso de virar as gerações. Essa dor tende ao infinito, que nem uma reta feita num círculo de raio desconhecido. Coisa inexplicável e ao mesmo tempo dizível apenas com invenção de palavra, com despreparo de certezas. Meu pai cabe dentro da história dela. Como meu avô. Um monte dos meus melhores parentes. É como a coluna do organismo que nos fez a todos daquela casa que morreu. A casa que era abrigo de tudo antes. Abrigo da mais secreta informação dos tempos. Onde tinha o quarador que inventava um sol por dia para secar nossas roupas e drenava para o interior da sua estrutura um punhado de coisas que não deveriam ter sido ditas. O que me caminha agora por entre esse despertar forçado é o que antes ganhava cofre e parede, esquecimento e colo naquela casa. Passou! Como passou o amor dela. Como as suas certezas de que eu não sou a melhor escolha se confirmaram. E aquele meu medo de não ter explicação tudo o que me transborda e intensifica, veio feroz como o sopro que derrubou a casa onde todas as coisas eram possíveis. Inclusive a esperança de que a história contada poderia ter um outro final. J.M.N.

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