sábado, 26 de junho de 2010

Enquanto ela dizia

“They said the love is blind… They might be right”

Nasci como todo mundo nasce. De cabeça pra baixo, posição defensiva e muito sujo. Ela veio ao mundo no mesmo dia ou quase, mas do outro lado da Terra. Uma estrela. Mordida logo de início pelas coisas que eu jamais suporia poder existir. Ela atravessou um par de décadas me esperando na mesma esquina escura. Zombando de quem estava à sua espreita. Então eu passei. Muito tímido e com a vida pela metade. Avalizado por avós e tias super protetoras e uma mãe que talvez não me quisesse ter tido. Sei lá. Dava angústia olhar para baixo. Mas era o que eu fazia. Olhava para baixo. De maneira que a primeira coisa que conheci foram seus pés. E com aqueles pés finos de longos dedos desiguais ela me chutou. O concreto sentiu meu sangue. Eu nada fiz. Era tímido demais para dizer que estava amando. Enquanto ela dizia que seria minha para sempre, eu planejava meu primeiro suicídio. Isso em 92, quando seguramente me disse um monte de coisas confusas sobre as quais não tenho pista e me deixou a impressão mais marcante de todas... Ela disse que eu poderia ser amado. J.M.N.

Só para estar no fundo...uma canção que eu gosto

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse texto é um chute no estômago...
Maravilhoso

Camila.