quarta-feira, 16 de junho de 2010

Àquilo que nasceu enquanto meus temores suicidas se cumpriam

Então optamos por um pouco de pudor. Selamos os olhos das redondezas com um lençol e fita crepe. A janela virou um tapa-olho na métrica do edifício e restaram nossas idéias e sentidos e beijos e todo resto. Estávamos apenas nós, a escuridão do quarto e a celebração imaginada e devida a tomar conta de tudo, a dar como que libélulas em fuga em nossos ventres. Os metros quadrados daquele espaço viraram milhas e tempestades vieram beijar a terra espumosa da cama. As mãos cederam. Percorreram os solos sagrados da entrega. Entre os berros dos nervos, da epiderme. Peles achadas, um resumo, uma entrada. O gosto de interior advindo na ponta dos dedos e mais: a rota encapelada dos segredos de inocência deu espaço ao fustigar conspícuo e flamejante do toque, dos sentidos e da confirmação. Sim, haveria vida. Haveria o redescobrir lento e constante de que o pulso é ainda a medida do aqui e do agora. E por mais história acontecida que se tenha, por mais amor e crença que se tenha nas páginas adormecidas dos livros já lidos, haverá a novidade do interior feliz de um novo beijo, a matilha bem sucedida na fome mútua, no límpido ressonar presente. Haverá sempre esta seiva espessa a derramar de tudo quanto poema, verdade e coração. J.M.N.

para ler escutando…

Um comentário:

Anônimo disse...

Já disse: essas músicas são maravilhosas ainda mais ligadas a esses teus textos tão apaixonados. Um deleite.

M.