sexta-feira, 29 de abril de 2011

Esquecê-la

A cidade anda ocupada demais para me sentir. E esses passos que dou, são tão leves e sem direção que não há como as ruas daqui lembrarem por onde andei. Nesse momento, entre a leveza ou ausência de ser, acredito demais em nostalgias fabricadas e são estas que me lembram: ela jamais mudará seus caminhos.

O homem que eu soube ser em sua presença se esqueceu da identidade nas portas do céu. Não é um anjo ou um fugitivo, apenas alguém a quem os porteiros tiveram receio de deixar entrar. A cara suja, umas linhas flertando com a morte, esse sujeito que avisto de longe e me grita as lembranças dela, me diz também que será difícil esquecê-la.

Olho em sua direção, o homem recusado no paraíso. Talvez fosse eu em idade de fome ou forjado em guerreiro, bem antes das tatuagens. Eras e eras antes da ceia de amor.

Mas ela não se encaixa no corpo que conheci igualmente. Ela já está noutra parte, estrela perdida. Estátua esculpida nos braços da noite. Nesse momento de arte, em que ambos são contrários a si, a cidade percebe e tudo cheira ao que foram (fomos?).

Esquecê-la, somehow. Vejo-a ir morar com os astros, fora do que eu esperava que continuasse sendo. Eu, por minha vez, importando novas tecnologias de sobreviver entre os normais, pressinto: esquecê-la para quê, se já não somos os mesmos que dissemos adeus? J.M.N.

Trilha sonora… e amagnífica letra

Um comentário:

Anônimo disse...

très, très jolie mon amour.

J'adore

M.