O marco do sonho era o encontro. Num mesmo dia todas as coisas se cruzariam, fariam sentido, seriam perpétuas – os dois, uma só vida.
A chuva passou de manhãzinha enquanto no ônibus ele pensava no que iria dizer. Sabia que as ruas e as histórias daquela cidade seriam fortes, porém ainda não tinha certeza de que seriam suficientes para fazê-la ficar. Apostou na vivência. Apostou nos sentidos dela.
Ela chegou com horas de atraso e o choro represado daqueles meses eclodiu vermelho e possesso como se fosse, sozinho, uma entidade, um corpo celeste, quiçá. Jamais acabava o rugir de tambores distantes vindo das tribos secretas deles dois.
Os meses passaram, chegara a hora de ela retornar. Ele, dali uns meses, iria também. Foi deixa-la no aeroporto. Choraram o mesmo tanto do encontro. Agora havia um limite cruzado sem que eles soubessem. Essas coisas que apenas animas e terapeutas pressentem.
O avesso de tudo o que se pensou ou disse pulsando rítmico entre as escamas da pele, até que, enfim, traduz-se em medos, desistências e outros senões.
Aquela seria a estação intermediária entre a partida dela e seu retorno para cumprir seus últimos compromissos naquelas terras. Ela partiu. Ele ainda sente como se estivesse parado na mesma estação, porém agora, à sua espera. J.M.N.
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