Texto integralmente retirado do blog Arca XII,
de Emanuel Matos. Em 28.04.2011.
Quando olhamos para trás, vemos o quanto é verdade que a humanidade é extraordinariamente capaz de se reinventar e que esta estória de que “antigamente é que era bom” é, no mínimo, uma percepção equivocada de quem está vendo o seu tempo passar, inexorável, em direção a outro que, embora possa ter muito do passado e do presente, será totalmente novo.
Assim, cabe-nos saber colher o rumo da história, os sinais dos tempos e aprendermos a ver que é impossível que hoje seja pior do que ontem porque o tempo para se viver é hoje e este é o melhor de todos, isto é, o nosso tempo, o tempo que não será vivido por ninguém mais a não ser por nós mesmos.
De certo modo, quando se diz que estamos vivendo o fim da história, ou, que estamos nos estertore da espécie humana e que estamos indo em direção à barbárie, que chegamos ao fim da idéia de futuro, estamos, na verdade, sob a influência de uma forma de pensar que predomina no Ocidente desde o início da Idade Moderna e que se considera absoluta e definitiva.
Não se esperava que para além das conquistas modernas fosse possível o retorno de velhas perguntas e o aparecimento de novas demandas humanas, para as quais as luzes da modernidade não tivessem respostas.
Esplêndido! Basta que o homem que nasce com a modernidade acolha a idéia verdadeira de não ser Deus. - Poxa, diante de tantas conquistas que nos trouxe O Iluminismo e a Ciência, nem é tão grave assim. Só não conseguimos ser Deus e nem matá-LO como previram tantos, como também não fomos capazes de nos apoderarmos da árvore do conhecimento. Um pouco de humildade, talvez nos esteja faltando e nos fizesse bem.
Um Novo Humanismo não se dará sem uma recolocação dessas realidades em seus devidos lugares.
Religião e Ciência, Deus e o Homem, não são excludentes, mas, alto lá, também não permitem sínteses ideológicas porque os resultados destas aproximações sempre foram catastróficos para a História da Humanidade.
Estas duas coisas, Ciência e Religião, pertencem como nos lembra Stanley Gould, a Magistérios não Intervenientes e devem se respeitar reciprocamente. As sínteses verdadeiras serão, sempre, resultado da vida, de experiências antropológicas, portanto, humanamente individuais e coletivas. Jamais ideológicas e intelectuais.
O homem do humanismo que resultará da atual experiência da humanidade talvez seja o Homem-Deus porque o Deus deste homem é o Deus da Imanência que se encontra no coração de cada um de nós humanos, independentemente das culturas e dos credos que, sem negar a dimensão transcendente do Deus, inaugurará também uma Nova Transcendência e uma Nova Escatologia que é aquela de uma Sociedade mais justa, fraterna e unida em torno de uma única lei que é aquela de nos reconhecermos todos como irmãos, feitos para a fraternidade que parece ser, cada vez mais, o único caminho capaz de superar a “auto-propulsiva e enlouquecida circulação do capital”, (assim Slavoj Zizek resume Marx) que, por ser uma experiência histórica chegará, também, a sua exaustão.
- Uma sociedade fraterna, fundada na cultura da partilha. Este é um Ideal pelo qual vale a pena viver hoje.
Emanuel G. Matos
Um comentário:
Gostei muito! Já está em "favoritos".Mais um blog que vale a pena ser lido. Parabéns.
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