Eu vejo os corpos jorrando, acontecidos, dentro da noite explodindo. Açoitados pelos tempos de espera. Espetáculo mudo de acontecer apenas aos que deixaram procriar infâncias nos dias de hoje, ilusões escolhidas mesmo quando todos perderam a fé nesses artifícios.
Eu sinto as mãos procurando, veludo, vulvas, impressões digitais. Para que a identidade não tenha nada a ver com o que se diz para todos, mas antes, saia dos segredos finíssimos que desenjaulam-se da espera, da culpa. Ordinárias e exequíveis como qualquer plano de furto, como qualquer diálogo barato.
Eu organizo a despedida. Fecho as janelas. Tiro a mesa do jantar. Mas não irei à sacada te ver partir. Eu me recuso a decretar finais, mitigar o que virá – a distância. Eu vejo os céus ebulindo, contestados por nossa paixão profana. Os contrastes nascendo feitos os raios da aurora. Nesse momento, finalmente, fecharei os olhos sem jamais pedirei perdão, dizendo abaixo do inteligível que tudo deve acontecer novamente. J.M.N.
Uma trilha sonora lembrada…
3 comentários:
Não podia ser menos. Não podia ser sem sentido e pouco.
Não te contentas com menos que tudo, não é assim?
Ainda te perguntarei o que sobrou dessas guerras intermináveis.
Ainda te oferecerei curativos pelas feridas.
Sábio comentário.
Vou com Platão...
"Só os mortos conhecem o fim da guerra"... Até que venha a morte, há vida.
Nos encontramos lá, então!
J.Mattos
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