"Ouve-me, ouve o meu silêncio.
O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa.
Capta essa outra coisa de que na verdade falo
porque eu mesma não posso."
(Clarice Lispector)
Ornato lírico o que não diz. O avesso de sua fala, seu silêncio encontra estampidos vez por outra na saudade. Teceu a boca de cena com dor de entrega e permanência. O palco seco, vazio sem luz, não frequentará enquanto lembrar o que foram seus últimos meses.
Entende-se completa por enquanto. Faz jus à condição de livre. Emancipada constará na estação das leis humanas. Sua aliança é com a verdade do que diz e sente. Viver é outra aventura que talvez não queira. Melhor que aquilo, apenas a virtude a ser mantida.
Enfrenta melhor seus fantasmas perto dos seus. Abre a boca com maior apreço a certas dúvidas. Venceu-se dos passos lentos e da amargura. Em frente segue. Diz que não há mais tempo de pensar no passado.
Acredita que o poderá chamar de amigo, comer na mesma mesa, fartar-se no banquete do convívio. Dispensa ensaiar a escolha feita. Executa.
De noite fecha os olhos ao que não lamenta. Pensa dentro do sono como se deixou passar para trás. Quando acontece uma lembrança aflita, seu silêncio engole.
Anda mais calada do que nunca. J.M.N.
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